google-site-verification=ldFPMJs5-yw4C3ux8Xv8ENWEiUVKr0YQXFz1pwdIcXE BRECHÓS: DE "PATINHOS FEIOS" A FAVORITOS DAS FASHIONISTAS
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BRECHÓS: DE "PATINHOS FEIOS" A FAVORITOS DAS FASHIONISTAS


Lojas de segunda mão se tornaram, em poucos anos, um instrumento essencial para a economia circular.


Com roupas diferenciadas e peças que resistem ao passar do tempo tomando conta dos

guarda-roupas daqueles que adoram fazer compras, os famosos “brechós” acabaram deslumbrando fashionistas, artistas em geral, amantes da cultura vintage, pessoas de baixa renda e/ou desempregadas, bem como de quem busca artigos originais e únicos.

Mas você sabe o que é um brechó? Basicamente, trata-se de uma loja de artigos usados,

principalmente vestuário (vestimentas, sapatos, acessórios), objetos de arte, artigos de decoração e objetos para o lar.


As suas origens remetem aos arredores de Paris, mais precisamente ao famoso "Mercado das Pulgas" de Saint-Ouen (ou "Marché aux Puces", em francês). Dizem que era um lugar ao ar livre onde se podia comprar e vender quase tudo. A união de itens usados com a falta de higiene do local o tornaram propício à proliferação de animais indesejados, como pulgas, dando origem ao termo "mercado de pulgas".


Por outro lado, as primeiras lojas de segunda mão do mundo surgiram no século 19 e se

popularizaram com a crise provocada pelas Guerras Mundiais, principalmente através da venda de artigos doados pela Cruz Vermelha a preços muito acessíveis. Mas nas terras tupiniquins (ou seja, no Brasil), a origem da palavra "brechó" remonta ao Rio de Janeiro do século 19, quando um homem chamado Belchior criou a primeira loja de roupas e objetos de segunda mão e lhe batizou de "Casa do Belchior". A grande popularidade do local fez com que o nome "Belchior" fosse associado a estabelecimentos que comercializavam artigos usados, daí o surgimento do termo "loja de belchior". Como muitas pessoas tinham certa dificuldade em escrever o nome do vendedor, o tempo e o uso se encarregaram do processo de alteração do termo, dando origem ao "brechó".


Reutilizar é a chave


Até o início da década de 2010, os brechós eram vistos com preconceito pelos brasileiros. Eram encarados como herança do modelo de venda de artigos de segunda mão dos centros de caridade, frequentados pelas camadas menos favorecidas da população. Historicamente, os itens comercializados em brechós eram de baixo valor agregado e não apresentavam boa qualidade. Mas, com o surgimento das redes sociais e as recessões enfrentadas pelo Brasil e pelo mundo, uma nova geração de consumidores começou a redefinir o mercado de compra e venda de artigos usados.


Além disso, o surgimento das plataformas digitais e o intercâmbio de informações sobre questões socioambientais, principalmente referentes às denúncias de degradação ambiental e exploração humana na indústria do fast fashion, foram o fator central para o início da mudança. Movimentos sustentáveis passaram a intensificar a divulgação nas redes sociais, e até celebridades começaram a valorizar e apoiar a compra de produtos de segunda mão. Nesse contexto, os brechós passaram a ser vistos, principalmente por consumidores nascidos a partir de 1980, como alternativas de consumo consciente que contribuem para prolongar o ciclo de vida dos produtos.


De acordo com os dados da GlobalData Consumer Survey, entre 2016 e 2019 o consumo de

produtos de segunda mão aumentou 15% entre as mulheres com menos de 24 anos. Estima-se que em 2029 17% do guarda-roupa feminino será composto por peças obtidas em brechós, enquanto apenas 9% serão peças oriundas da indústria do fast fashion. É evidente que para a nova geração de consumidores a moda de segunda mão passou a ser vista positivamente, contribuindo para o meio ambiente, para a democratização da moda (devido aos preços baixos) e para a exclusividade das peças encontradas.


Essas mudanças de hábitos, principalmente na forma de consumo de moda, geram não só um impacto socioambiental, mas também econômico. Por não ter uma categoria definida, os brechós são empreendimentos que atendem a um público bastante diverso - de adolescentes a idosos - e satisfazem consumidores de diferentes classes sociais. Comprar em brechós pode proporcionar aos clientes uma economia de até 80% em comparação às lojas tradicionais, gerando um grande impacto na economia do usuário e influenciando-o a comprar roupas de segunda mão.


Criando uma economia circular


Outro aspecto positivo dos brechós é a implantação da economia circular no mercado brasileiro de moda, diminuindo o desperdício de matéria têxtil através de práticas sustentáveis que vão desde a elaboração de novas peças e coleções, até sua transformação e reaproveitamento. Um estudo feito em 2017 pela Ellen MacArthur Foundation calculou que, a cada segundo, uma quantidade equivalente a um caminhão de lixo cheio de sobras de tecido é queimada ou descartada em aterros sanitários, além dos 500 bilhões de dólares jogados fora todos os anos em forma de roupas pouco utilizadas e que nunca são recicladas. E se isso não é o suficiente para mudarmos nossos hábitos de consumo, saiba que a indústria da moda, por meio de seu processo fabril globalizado, emite cerca de

1,2 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa por ano. A previsão é que, caso uma mudança não aconteça agora, até 2050 o setor terá consumido um quarto do orçamento de carbono de todo o planeta.


A economia circular não propõe apenas a reciclagem das roupas, mas também uma mudança em seu processo de criação. A principal mudança é que, ao criar uma peça de roupa, o designer - tendo em vista a produção de uma peça sustentável e durável - vislumbre o produto "final", ou seja, o momento em que esse produto não será mais utilizado e qual poderia ser o seu destino. Um dos principais destinos deste produto no "fim" do seu serviço são os brechós, que pregam pelo reaproveitamento e pela reciclagem.

Portanto, o consumidor que visita brechós regularmente e utiliza roupas de segunda mão não só está economizando seu dinheiro, ou possivelmente comprando uma peça de roupa exclusiva, como também está evitando a queima ou o descarte de sobras de tecido em aterros sanitários, economizando bilhões de dólares em roupas que não serão jogadas fora e, por fim, ajudando a diminuir a emissão de toneladas de gases de efeito estufa.

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