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May 5, 20213 min
A globalização é um fator importante, que impulsionou mudanças em setores como, por exemplo, a indústria têxtil. Essa indústria mudou sua cadeia de suprimentos, escentralizando sua manufatura e se estabelecendo em países com mão de obra barata e portos stratégicos, que permitem a uma comercialização rápida e a baixo custo, obtendo assim maiores lucros. Por isso, é comum ver que grande parte das peças vendidas pelo mundo tem o famoso rótulo “made in China”.
De acordo com o relatório da Organização Mundial do Comércio, o continente asiático foi responsável por 59,2% da produção mundial de roupas em 2019. A China, especificamente, está posicionada como o primeiro país exportador de roupas, movimentando US$ 158 bilhões, seguido por Bangladesh com US$ 33 bilhões, Vietnã com US$ 28 bilhões e Índia com US$ 17 bilhões. (Howmuch.net, 2020)
Como resultado do aumento do número de fábricas nesses países, os impactos negativos cresceram proporcionalmente. A população local enfrenta problemas como poluição das águas e do ar e exploração de recursos. De acordo com fontes oficiais do Ministério de Proteção Ambiental, em 2015 a indústria têxtil chinesa foi a terceira maior fonte de águas residuais, despejando cerca de 1.840 bilhões de toneladas de águas residuais no meio ambiente.
De acordo com um relatório da CNN, China, Bangladesh e Índia têm rios completamente negros devido à contaminação causada pelas indústrias nas cidades. O principal problema é o despejo de águas residuais de fábricas têxteis sem tratamento, que acabam em rios repletos de produtos químicos cancerígenos, corantes e metais pesados que contaminam a água para consumo humano.
Um caso particular é o rio Citarum, localizado na Indonésia e conhecido como o rio mais poluído do mundo. De acordo com um relatório preparado pela DW, ao redor do rio existem 500 fábricas têxteis que despejam suas águas residuais diariamente. A equipe de “Green Warriors" analisou não só a água do rio, mas também o arroz cultivado e os cabelos das crianças, cujos resultados foram alarmantes. Como consequência da grande quantidade de produtos químicos nocivos encontrados, como o sulfato, os números de mortalidade de crianças menores de 5 anos chegam a 147 mil por ano.
Governos asiáticos, como o da China, começaram a estabelecer políticas para controlar a poluição dos rios. Desde 2015, leis mais agressivas foram estabelecidas, promovendo maior transparência nas auditorias, tributos para proteger o meio ambiente e controle da poluição das águas. No entanto, foi detectado que em algumas cidades - como Madhy, na China - as autoridades locais têm uma relação estreita com gestores de fábricas como a Grasim Industries, de modo que a violação das leis não é punida. (ChangingMarkers, 2017)
Embora os governos estejam começando a projetar políticas ambientais para reduzir o impacto dessas indústrias em seus países, tais políticas não são suficientes. A grande demanda das empresas importadoras faz com que as fábricas continuem trabalhando nessas condições e violem as leis. É necessário tomar ações globais, partindo dos grandes negócios, assumindo mais responsabilidade para garantir uma cadeia de suprimentos mais sustentável. Da mesma forma, consumidores devem se tornar mais atentos aos materiais e ao local de fabricação das vestimentas.
CNN (2020) Decenas de ríos contaminados en Asia por la industria textil.
HOWMUCH.NET (2019) Mapping Textile Exports by Country
https://howmuch.net/articles/world-map-clothing-exports
TEXTILES AMERICANOS (2020) Asia: Un Creciente Mercado para Maquinaria Textil
GREENPEACE (2019) Trapos sucios: Contaminación tóxica del agua en China por marcas textiles internacionales.
https://www.compromisorse.com/upload/estudios/000/151/WaterScandelReport11-ESok.pdf
SGT GROUP (2018) China Environmental Policy and the Textile Industry in 2018
https://www.sgtgroup.net/textile-quality-management-blog/china-environmental-policy
DW DOCUMENTAL (2020) El río más contaminado del mundo
https://www.youtube.com/watch?v=LDN5GWfBd2s
CHANGING MARKETS (2017) Moda Sucia: La contaminación en la cadena de suministros del textil está intoxicando a la viscosa.